sexta-feira, 6 de abril de 2012

SPREAD BANCÁRIO NO BRASIL

A pedido de leitor Alexandre, do meu blog, vou discorrer aqui, uma palavra que vem sendo utilizada muito nos discursos de políticos e economistas. Falo do "spread bancário" ou melhor ainda "spread dos juros bancários".  O som tá mais para spreed. Por favor não soletre como escrito, em português.

Tem razão o Alexandre, não o Tombini, mas o meu amigo aqui do blog. Ultimamente o "spread bancário" virou nome feio. Agora, deu todo mundo eleger "spread bancário" como vilão do custo Brasil. Pode ser um dos componentes, mas afirmo que não é o principal. Olha, Alexandre, lá nos EEUU o Spread pode ter outro significado, semelhante mas um tanto diferente. Em Londres, dá-se nome de "Prime", lê-se praime, que praticamente tem o mesmo significado lá dos EEUU. Alexandre, por lá, dizem: juro de tanto + spread de tanto ou juro de tanto + prime de tanto. O nosso spread fica embutido na taxa de juros bancários. Entendeu? Para você ficar vacinado, tem outros termos que em essência significam a mesma coisa, tais como "fee" e menos usado "flat". 


Vamos ao que interessa, o significado é muito simples, felizmente. No Brasil, como já disse, o spread fica embutido no juro final que é cobrado do cliente.  A função é: 
Juros bancários = Custo de captação + Spread 

Spread = (custo administrativo do banco + taxa de inadimplência + lucro do banco) que é calculado sobre parte livre de captação.  

Porque uma parte do que é captado pelos bancos são depositado no Banco Central, a tal Depósito Compulsório. Este depósito é regulado para dar liquidez ao sistema bancário e ao mercado de crédito, por isso depende também a forma como é captado, ou seja se depósito à vista ou depósito à prazo. Pode variar de 20% a 50%, em tese porque não sei exatamente qual é a taxa atual, mas basicamente conforme conveniência do cenário econômico. Diga-se de passagem, um dos instrumentos eficazes para combater a inflação.


Então, Alexandre, você viu que o significado do spread é simples, mas o cálculo é um tanto complexo. Primeiro de tudo, depende da fonte de capitação, qual seja, para cada forma de capitação tem depósitos compulsórios diferentes, mas é o fator principal no cálculo do spread. Imagine você, o banco pagou para o aplicador sobre o valor total do depósito, mas os bancos podem emprestar somente parte deste depósito. Agora, os 3 demais itens, ou seja custo da administração, inadimplência e lucro dependem de cada instituição financeira.  Mas, pelo que aparece nos balanços, devem estar "carregando" no item lucro. Isto acontece com as instituições financeiras como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Como o exemplo vem de cima, o sistema privado vai atrás. 


O governo Dilma quer a qualquer custo achar bode expiatória, tanto no front externo como no interno.  Lá fora são os "canibais" cá dentro são os "spreads bancários". Querem chamar atenção na maquiagem para desviar atenção da feiura que está por baixo dela.  O Brasil passa por uma situação de grave crise econômica.  Os problemas principais, são aquelas apontadas por mim em "Dilma, pauta para não deixar nos por no buraco", que deveriam ser as verdadeiras prioridades.  

Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi professor da UFPR, cidadão comum.
Atende pela rede social twitter: @sakamori10 

Um comentário:

joão carlos disse...

Claro e objetio caro Ossami. Talvez se o spread fosse aberto, como nos EEUU, teriam um motivo a menos para possíveis desculpas e o bode espiatório tivesse que ser outro. Os donos do bode continuam os mesmos!