domingo, 21 de julho de 2013

Caso Eike Batista. Cadeia nelles!

Infelizmente, devo continuar com o assunto do Eike Batista.  As notícias plantadas pelo BNDES e Eike Batista dão conta de que as empresas do grupo econômico EBX estão saudáveis a ponto de ter renovações das dívidas vincendos a curto prazo serem renovados, quase que automaticamente, num montante que beira R$ 1 bilhão, conforme colocado na matéria de ontem.

Lembrando que este blog já tinha anunciado a falência das empresas do Eike Batista, havia 3 meses, antes dos escândalos que vierem ocupar as manchetes dos principais veículos de comunicação.  Uma simples análise dos balanças, analiticamente, deu para diagnosticar o estado falimentar da empresa OGX, carro chefe do grupo EBX.

O empresário afirma ter recebido propostas pela OGX tanto por fatias quanto pelo controle a partir de uma avaliação de US$ 30 bilhões e que colocou mais de um US$ 1 bilhão do próprio bolso na empresa.  "Eu perdi e venho perdendo bilhões de dólares com a OGX", admite Eike.  Fonte: Estadão.

Foi o que deu no tradicional jornal Estadão.  Para uma avaliação rápida de números, pelos meus leitores leigos, vou colocar na sequência grosso modo os valores em reais e o diagnóstico das consequências que deles provém.

O próprio Eike Batista disse que a OGX teve valor no mercado de grosso modo R$ 60 bilhões e que ele teria colocado do seu dinheiro próprio R$ 2 bilhões.  A empresa OGX, pela média das últimas cotações vale no mercado R$ 1,6 bilhão.  E eu continuo achando que, ainda assim, está valendo muito.  Uma empresa falida, em insolvência, não vale nadica de nada, no meu entender.  

Bem, se o Eike Batista colocou R$ 2 bilhões, segundo afirmação dele próprio, see vender hoje sua participação na Bovespa, ele levanta cerca de R$ 1 bilhão.  Para quem investiu R$ 2 bilhões e receber R$ 1 bilhão o prejuízo não é tão alto.  Ele não perdeu os R$ 60 bilhões como ele afirma ter perdido.  A realidade é outra.

Os minoritários da empresa OGX representa cerca de 40% das ações, o que corresponderia no auge, em torno de R$ 24 bilhões, segundo número fornecido pelo próprio Eike Batista.  Numa das matérias anteriores eu já tinha citado um número bem próximo desse valor, portanto bate o que ele falou.  Acontece que se os minoritários quiserem vender as ações hoje, embolsaria uma bagatela de R$ 600 milhões.  Para conjunto de pessoas que investiram R$ 24 bilhões o prejuízo é total.

Se o assunto OGX ficasse restrito ao foro privado, não estaria este blogueiro, insistentemente noticiando sobre o efeito Eike Batista.  Para mim, se ele ganhou dinheiro ou perdeu dinheiro, não vem ao caso.  Se os minoritários acreditaram no fanfarrão menino Eike Batista, em tese, foi porque eles quiseram, tanto quanto o empresário, apostar na aventura que era visível para qualquer analista de mercado.  Como pequeno investidor que sou, nunca comprei 1 ação sequer de qualquer das empresas do Eike Batista.  Os castelos de papel, não me cheiravam bem.

O que é grave nesta questão, não é o que Eike Batista perdeu, enfim o assunto é de foro privado dele, mas sim o que o BNDES vai perder com o grupo Eike Batista.  O número apresentado pelo BNDES é de R$ 10,4 bilhões, cujas garantias são, em sua maior parte, são de ações das próprias companhias que compõe o grupo econômico.  Como grupo econômico está em estado de falência, podemos afirmar que as garantias simplesmente desapareceram, nestas condições o BNDES perderá os R$ 10,4 bilhões emprestados ao Eike Batista.  

É onde está o povo nesta história.  Bem, o povo vai pagar o prejuízo de R$ 10,4 bilhões do Eike Batista, porque o BNDES é 100% do governo federal.  O nosso dinheiro, o meu, o seu, o nosso que compõe o patrimônio do BNDES, portanto quem paga o eventual e quase certo prejuízo do Eike Batista somos nós contribuintes.  Os 195 milhões de pessoas, vai arcar com o prejuízo do empresário estelionatário. 

Tudo bem, o prejuízo nós vamos pagar, porque não tem outra saída. Mas tenho enorme desejo de que os fatos sejam apurados pelas instituições da República e que os responsáveis pela operação, o presidente Lula, a presidente Dilma, o ministro Guido Mantega e o presidente do BNDES sejam responsabilizado pelos crimes de gestão temerária e de peculato.  Prejuízo de R$ 10,4 bilhões nós pagamos, mas queremos ver os nominados sejam responsabilizados.

Achei no dever de publicar mais esta matéria até porque os meus leitores já estão ficando com "peninha" do "bom menino" Eike Batista e estão começando achar que os gestores públicos nominados acima agiram de "boa fé" no episódio.  Pode isso?  Cadeia para eles!

Ossami Sakamori

2 comentários:

Unknown disse...

Alguém assistiu ao filme Redentor? Pois é, o Eike é igual aquele personagem que fica rico especulando no mercado imobiliário, prejudicando a vida de várias pessoas. Eike, como uma grande parte do empresariado brasileiro, é um mau gestor. Não existe empreendedor que depende de ajuda do governo - a nossa cultura, por exemplo, sofre do mesmo mal.

O sonho do Eike acabou, suas empresas se foram com o vento e seus bilhões estão virando papel, mas é bom ser rico no Brasil, aqui não existe empresa falida com empresário falido, Eike continuará rico. Entretanto, ser amigo do Lula dá azar, sobretudo para nós, que vamos pagar a conta das empresas deste menino voraz...

Hoje, nenhum investidor inteligente acredita no Brasil. Este país sempre foi o paraíso de especuladores, aventureiros. O Brasil é um verdadeiro bordel financeiro em que nós, povo, entramos com o traseiro para que empresários, banqueiros e investidores sem caráter façam a festa.

Daniel Cohen disse...

Caro Saka,..amigos,

Repito-me: Desde o dia em que lançaram as ações das empresas Xs na bolsa(quem me acompanha, sabe e ai estão os registros), venho dizendo: Venderam-se. sonhos, ilusões. Quem gosta deles, segue as gaitas mágicas e só percebe a trapalhada, quando chega ao abismo.

Eike, que chamo carinhosamente de "prejuízos", só causou esse rombo aos incautos e aos cofres públicos, claro, graças aos figurões do governo, seus associados na fantástica maracutaia! Sem eles e uma tremenda assessoria de imprensa, seria impossível lesar tantos em tão pouco tempo. Convenhamos, foi um golpe de mestre! Ao lado dos citados, muitas empresas de primeira linha, entraram no golpe. Vide o caso da GE americana, que já reservou 300 milhões de dólares em seu balanço, a fim de fazer frente ao baque.

Pensem nisso como uma grande jogada. Se desse certo, seria um maná, dando errado, como seria certo, igualmente não seria de todo mau. Imaginem por um momento, a fortuna que Eike deve ter ganho, manipulando as ações, vendendo no mercado futuro, já que sabia a real situação.

Quando vaticinei a quebra, dois anos atrás, sabia exatamente o que dizia, pois tudo eram vagas promessas, e como tais, só poderiam dar uma tremenda confusão. Nem um conglomerado no mundo, pode trabalhar em tantas frentes díspares, sem perder o foco.

Cumpre-me nesse momento fazer outra previsão: Eike voltará. Voltará capitalizado e agora com um tanto mais de experiência. Com sua lábia de vendedor, entronizará novos mirabolantes projetos e mais uma vez, os brasileiros de curta memória, estarão de pé, aplaudindo suas bobagens.

Infelizmente isso é Brasil e por aqui cultuamos espúrios líderes, sejam eles quem forem ou que histórico tenham.