segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Economia BR. Estado de alerta!

Estadão, 31/01/2014.  "Ativismo fiscal e quase fiscal durante os últimos anos minou a eficácia da política monetária e está contribuindo decisivamente para o ambiente atual de alta inflação e moeda ainda excessivamente apreciada", afirmou o diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.

Comentário.

Esta nota encontrei no final do texto de um artigo do tradicional jornal Estadão sob título "Superávit primário no Brasil".  Para quem não se lembra, superávit primário é quanto o país economiza para pagar os jutos da dívida pública.  Lembrando ainda que o Brasil tem uma dívida líquida de R$ 2,12 trilhões e dívida bruta de R$ 3,46 trilhões.  Para efeito de comparação, o PIB brasileiro está em torno de R$ 4,4 trilhões.  Só para refrescar a memória, o superávit primário do governo federal foi de R$ 75 bilhões, insuficiente para pagamento de juros da dívida pública.

Quando um diretor de um banco com Goldman Sachs fala, significa que sua fala é voz corrente no mercado financeiro internacional.  Segundo o diretor, o Brasil pratica política monetária ineficaz que leva ao ambiente de inflação alta e moeda local bastante valorizada.  No olhar do capital estrangeiro a inflação manipulada de 5,91% de 2013 é alta.  Talvez, o diretor tenha dito isto, em função de que a inflação real, expurgado as tarifas administradas está em torno de 13%, que é um índice assustador.

Ainda o diretor do banco Goldman Sachs, o real está excessivamente apreciada, o que é mesma coisa dizer que o dólar está excessivamente desvalorizado.  O ponto de vista do diretor em relação ao câmbio é o que vai pegar pesado nos próximos dias e nos próximos meses.  Aliado à falta de credibilidade das economias emergentes, entre os quais o Brasil, iniciou-se no mercado financeiro internacional, o movimento de retirada de recursos dos países emergentes, diante da fragilidade exposta.  É aqui é que mora o perigo!

Para o Brasil que necessita do capital estrangeiro para fechar as suas contas da balança de pagamentos como que o sertanejo precisa de água para sua própria existência, o novo ambiente, destes últimos 90 dias e acentuadamente nos últimos 30, é totalmente desfavorável para o País.  O Brasil inexoravelmente deverá começar queimar a sua reserva cambial, hoje, de R$ 375 bilhões.  O aumento da taxa Selic, para patamar de 12% ao ano, nas próximas reuniões do COPOM, também parece ser certo.  

O setor industrial brasileiro que representava no início do governo Lula, em torno de 26% do PIB, hoje representa menos do que 13%. Isto significa que o Brasil importa produtos manufaturados.  Não só manufaturados, mas até produtos primários como feijão preto que vem da China.  Razão disto é que com a valorização do dólar, inflação vai comer solto.  Nem o agronegócio que representa cerca de 18% do PIB será suficiente para amenizar a situação cambial e muito menos a inflação.

Resta saber se a equipe econômica que, na minha tese, cometeu erro sistêmico, tenha capacidade para tirar o Brasil desta situação que está a configurar.  A economia brasileira está totalmente desorganizada.  A Dilma conseguiu a proeza de deixar o País numa situação de caos.  Será muito difícil, nem mesmo para os economistas competentes, receitar saída de emergência para o caos, sem os amargos remédios.  A Dilma não tem capacidade e nem conhecimento da gravidade da situação atual.  Apenas sonha com a sua reeleição para presidência da República.  Quanto ao povo? O povo que se foda!  Pensa assim, a Dilma.  

Vamos acompanhar de perto, o desenrolar da crise.    

Ossami Sakamori
sakamori10@gmail.com





Um comentário:

Anônimo disse...

O Brasil caminha a passos largos para um crise igual ou pior que a da Argentina. A lenha do Brasil já está acabando. Quando os EUA saírem das crise, acho que não vai demorar muito, chegará a vez do Brasil começar a cair. A festa do agronegócio, do qual eu nunca fui fã, já está acabando com o enfraquecimento das commodities. Enquanto o PT valorizou o agronegócio, que não dá emprego, deixou a nossa indústria, que dá emprego e desenvolve o país, abandonada, quase falida. Obama, para sair da crise, valorizou o incentivo à indústria. Resultado: os EUA podem sair da crise em pouco tempo.

Brasil e África do Sul fazem parte do braço mais fraco dos BRICs, mas a situação do Brasil, hoje, é mais complicada que a da África do Sul, que vem investindo pesado em infraestrutura, coisa que a Dilma não faz. Dilma só está esperando se reeleger para deixar o Brasil cair numa crise grave.

Verdade, Sakamori, estamos fodidos e mal pagos...