quinta-feira, 30 de julho de 2015

Selic a 14,25% coloca Brasil na zona de risco.


O Banco Central do Brasil divulgou ontem a taxa de juros Selic que vai vigorar até próxima reunião do COPOM, que deverá acontecer no início do mês de setembro. Segundo a nota do Banco Central, a nova taxa Selic é de 14,25% ao ano, que servirá de balizamento para demais taxas de juros dos empréstimos do Tesouro Nacional, administrado  pelo BC. Não custa lembrar que o Banco Central é o guardião da moeda do País e é responsável para conter a alta da inflação. Isto é em qualquer país do mundo.

O governo Dilma, eu já disse aqui neste blog mais de 300 vezes, comete o "erro sistêmico" na formulação da política econômica ao estabelecer a taxa de juros Selic como principal instrumento para conter a inflação. A política econômica que baseia na taxa de juros básicos para regular a expansão ou contração da base monetária só funciona em economia estável como dos Estados Unidos, Alemanha ou Japão. Nós estamos a falar do Brasil que vive inflação de 9,25% ao ano, segundo prévia de inflação oficial IPCA do IBGE. 

A mais alta taxa básica de juros entre 40 maiores economias do mundo, ficando atrás apenas da Turquia, decorre da necessidade de financiamento da dívida do Tesouro Nacional bruto. Lembrando que a dívida pública federal bruta, ao contrário do que é divulgado pelo próprio Banco Central, está ao redor de R$ 4,3 trilhões. A dívida pública federal líquida é o que o Banco Central divulga está ao redor de R$ 2,5 trilhões. Vamos lembrar que os juros dispendidos pelo Tesouro não é sobre a dívida pública federal líquida, mas sim sobre a dívida pública federal bruta.

A conta é simples. Taxa Selic a 14,25% e inflação oficial a 9,25% significa que o governo federal paga de juros reais de 5% ao ano, para poder continuar rolar a sua divida interna. É fácil fazer a conta.  O governo da União dispende cerca de R$ 215 bilhões de juros reis para "poder" rolar a sua dívida interna. Como o ministro da Fazenda estabeleceu como "superávit primário" praticamente zero (0,15%), significa que este ano o governo federal não vai pagar "nem parte dos juros da dívida do Tesouro Nacional".

Para o lado do investidor ou aplicador em títulos do Tesouro Nacional, fazendo conta simples, aufere renda líquida de 2,86% sobre o valor da aplicação já descontado a inflação e o Imposto de Renda sobre ganho de capital, grosso modo. Para os investidores estrangeiros especulativos, a renda é de 5% líquido porque estão isentos de pagamento de Imposto de Renda sobre ganho de capital. A velha prática do governo federal de privilegiar os investidores estrangeiros.

O fato é que a necessidade de aumento da taxa Selic não tem finalidade de "segurar" a inflação. A necessidade de pagamento de juros reais de 5% é pela falta de confiança dos investidores, sobretudo os institucionais, sobre gestão financeira do governo Dilma. Digamos que se o governo Dilma tivesse grau de confiança entre os investidores brasileiros e estrangeiros, a taxa básica de juros deveriam estar próximo da inflação ou seja próximo de 9,25% ao ano.

Esta fórmula de controle da inflação via taxa básica de juros só serve para economia estável, porém a dogma do FMI é nivelado para os países emergentes em ebulição como é o caso do Brasil. A isto é dito como fazendo parte, erradamente, da teoria "neoliberal". Nada mais injusto culpar o John Maynard Keynes (1883-1946), formulador da teoria "neoliberal", pela interpretação e aplicação errônea. Estarrecedor é que entre 10 economistas brasileiros, 9 concordam com a política monetária praticado pelo Banco Central.  Significa que 9 entre 10 economistas e analistas concordam em aplicação pura e simples da fórmula clássica do FMI no País.

O Brasil entrou na ciranda financeira de dinheiro fácil e ficou refém do mercado financeiro nacional e internacional. A necessidade de dinheiro do empréstimo ficou tão necessário para própria sobrevivência como o sertanejo necessita de água para sobrevivência. Quem sorri de orelha a orelha são o setor bancário e os agiotas nacionais e internacionais. É mais ou menos Robin Wood ao inverso, transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. Esta marca ficou exacerbado no governo do PT, ironicamente. 

Vocês vão me perguntar se eu tenho alternativa à política econômica da Dilma, já que estou a criticar a política da equipe econômica do governo Dilma. Eu respondo, com convicção de que há alternativa para a política econômica da Dilma. Dou a dia, ainda. A inflação tem que ser domada com a contração ou expansão da base monetária. Infelizmente, o termo só terá entendido para quem frequentou as aulas básicas de economia. Dilma, com certeza, faltou às aulas.

O aumento do Selic para 14,25% ao ano é como pá de cal do enterro do Brasil. Podem esquecer do País pelo menos nos próximos dois anos!


Ossami Sakamori




















2 comentários:

virginialeite.blogspot6.com. disse...

Pelo andar errôneo da carruagem , dificilmente o Brasil sairá tão cedo da zona mortal.onde foi colocado por esse desgoverno incompetente e desvairado .

daniel camilo disse...

Na "zona" o Brasil já está há mais de 12 anos e estará em "risco" se seguir o exemplo da Venezuela: Leiam a notícia abaixo:
Venezuela expropria armazéns de alimentos de empresas privadas
Tropas bolivarianas invadiram depósitos da empresa local de alimentos chamada Polar e das multinacionais Cargill, Nestlé e Pepsi. Até chavistas protestaram contra a invasão.
Link do texto completo:
http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/venezuela-expropria-armazens-de-alimentos-de-empresas-privadas